Carta de Daniel Cristóvão à Aliança Espírita Santa-Mariense









Trecho de carta endereçada à Aliança Espírita Santa-Mariense conforme grafia da época.

Rio de Janeiro, 17 de Junho de 1935

Caros irmãos e amigos da Alliança Espirita Santamariense.

A todos, um grande abraço e votos sinceros de paz, luz e harmonia. Desde de que dahi parti, ainda as contingencias da vida não me haviam permittido endereçar-vos algumas linhas, o que ora faço com imensa alegria.
Junto envio, como palida lembrança, aos caros irmãos e amigos,alguns blocos e envelopes timbrados que mandei imprimir para offerecer aos saudosos companheiros da directoria da nossa cara Alliança, onde tantas vezes tive opportunidade de sentir a vibração da família espirita santamariense.
Que innumeras saudades vão pelo meu coração, ao lembrar-me dos momentos felizes que passei junto a vós, queridos companheiros. Jamais das páginas de meu espírito, poderão apagar-se as scenas saudosas de trabalho e propaganda, que ahi desenvolvemos em conjuncto. A começar pela Alliança, todos os centros espiritas dahi, estão no meu coração.Desde o modesto "Paz e Fraternidade" da chacara das flores, ao "Caminho da Luz" Junto ao seminario; desde o "Francisco Costa", ao "Fraternidade", "Guilhermina de Almeida", "Bezerra de Menezes" e até o humilde "Luz e Caridade", situado lá para os confins de Santa Maria, no km3. Deste centro então , as saudades são maiores.E isto, certamente porque, ficando mais distante, exigiu de mim para visitá-lo, maior esforço. Algumas vezes lá fui à pé., sosinho, e outras, acompanhado de minha mulher. Por sinal que numa dessas vezes, apanhamos uma forte surra de chuva. Outras vezes, para ir ao luz e caridade, o fiz a cavallo. E com que doçura me vêem a memoria, os minutos em que, pela estrada a fora, toda branca e silenciosa, eu percorri á noite numas eternas e cariciosas noites de luar, a distancia que me separava daquele centro.Em lá chegando, aguardavam-me as frontes humildes, os rostos enrugados pelo sofrimento, dos companheiros que iam ouvir-me. Muitas vezes, alli me comovi, pois, aquelle centro, pela sua humildade, separado do mundo, situado numa pequena elevação, rodeado de sangas, cheio de amor de silencio, lembrava-me as antigas assembléias cristãs. De todos, finalmente, eu me recordo com infinita saudade. Uma saudade que, estou certo, quando eu partir deste mundo, far-me-lha voltar ahi para rever todos os lugares queridos onde trabalhamos pela causa.
E agora, aqui de tão longe, o que dizer-vos? Somente , caros irmãos, que Jesus vos fortaleça e ampare sempre, a fim de nunca esmorecerdes na lucta da propaganda da doutrina consoladora que vos une. Apello, para os meus caros amigos João Souza, Fernando do Ó, Alfredo Souza, Aristides Lemos, Octacílio Aguiar, e para todos os trabalhadores da seara , ahi de Santa Maria, no sentido de que, a luz da nossa fé seja mantida sempre acesa e vigilante no coração de nossos irmãos.

Com mais um longo abraço e uma prece a Jesus, pelo progresso da doutrina em Santa Maria e pela felicidade de todos os irmãos dahi, aqui fica o irmão de sempre,

Daniel Cristóvão

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